Eduardo
Odiava cada centímetro quadrado daquela galeria. O ar cheirava a tinta fresca e pretensão, as pessoas falavam em tons muito altos sobre significados muito profundos para obras que ele considerava medianas, e em algum lugar naquele labirinto de egos inflados estava Matheus - o dono do lugar e, não por coincidência, o atual objeto do ódio mais puro que Eduardo conseguira cultivar.
Mas Vivian estava aqui. E onde Vivian estava, Eduardo estaria - mesmo que isso significasse passar duas horas sorrindo para pessoas que considerava intelectualmente desonestas enquanto elas discorriam sobre "subtextos existenciais" em borrões de tinta.
Ele foi o primeiro a chegar, um movimento calculado que fizera os paparazzi do lado de fora se agitarem como insetos em torno de uma lâmpada. Sua BMW preta estacionara precisamente às 19h, e ele desceu com aquela postura que anos de treinamento em postura e poder haviam esculpido - ombros para trás, queixo levemente erguido, olhar que prometia acesso e a