Quatorze anos antes…
Vivian
A mansão dos Braga era tão grande quanto silenciosa.
Mas naquela tarde, um som conhecido cortava o ar como um trovão.
Um estalo seco, proibido de se comentar - mas todos sabiam o que significava.
Eduardo estava de pé no centro da sala de estudos.
A janela alta deixava entrar um feixe de luz dourada da tarde, e a claridade só realçava o medo em seu rosto.
- Segundo lugar? - a voz do avô soou como um trovão.
Na mão direita, ele segurava a palmatória de madeira escura, já gasta pelo uso.
- Um Braga nunca fica em segundo lugar, garoto!
Eduardo tentou falar, mas as palavras morreram na garganta.
O velho se aproximou. Cada passo fazia o chão ecoar.
- Eu estudei, senhor... - balbuciou. - Eu... só errei uma questão.
- Uma questão! - repetiu o avô. - Não tente se desculpar! A garota do Vicente estuda com você e não errou essa questão!
Do lado de fora da sala, Vivian se encolheu.
Ela sempre ia estudar com Eduardo depois das aulas. Gostava daquele horário - desde que