Eduardo
O carro alugado cortava as curvas da estrada de Serra Azul em alta velocidade. As mãos de Eduardo apertavam o volante com força, os olhos fixos na pista, mas a mente vagando entre as lembranças que ele tentava apagar.
Do lado de fora, o anoitecer tingia o céu. Do lado de dentro, o silêncio era absoluto - só o som do motor e o eco dos pensamentos.
Ele não viu o beijo, mas viu o suficiente.
Vivian rindo, o olhar brilhante diante de Matheus, o corpo inclinado na direção dele. Aquilo bastava.
A imagem se repetia como um disco arranhado. Cada vez que ele piscava, via de novo - o rosto dela iluminado por velas, o gesto suave de tocar o cabelo atrás da orelha, o olhar cúmplice.
Era como se tudo que fora dele agora pertencesse a outro homem.
O rádio, sintonizou uma estação, e os acordes de uma canção de amor começou a preencher o silêncio do carro. Eduardo desligou o som de imediato, o maxilar tenso.
- Droga... - murmurou, com os olhos marejados.
O peito doía, mas não era só de ciúme