LIA
O ar na Mansão Bittencourt estava saturado com o cheiro de lírios e a tensão da hipocrisia. Era o jantar de noivado forçado de Alexandre e Lídia.
Pela manhã, eu havia me aproximado de Alexandre no escritório, tentando manter o tom profissional, apesar da hostilidade de Lídia.
— Sr. Bittencourt, eu sei que hoje o dia é complicado, mas meu pai tem um procedimento simples no hospital esta tarde. Eu precisaria de duas horas de folga antes do jantar para visitá-lo.
Alexandre, exausto e absorto nos preparativos do noivado, mal levantou os olhos.
— Duas horas, Lia? O jantar começa às 20h30. Falarei com Maria, Lorena não pode ficar sozinha.
— Estarei de volta as 22h, senhor. — Eu garanti.
O real motivo da saída, é claro, não era apenas a visita ao pai, mas o tempo crucial para a transformação. Eu usaria as duas horas na suíte alugada de Ana para me tornar Lua. Alexandre, ingenuamente, estava financiando a criação do fantasma que viria assombrá-lo em sua própria sala de jantar.
Eu saí da