Sofia uma jovem que vê seu Natal ser transformado pela inesperada chegada de Omar, seu ex-namorado. Omar, que agora trabalha para um sheik nos Emirados Árabes, retorna arrependido e disposto a reconquistar Sofia. Ele manobra sua relação com os pais dela para garantir que passem o Natal e o Ano Novo juntos em sua nova propriedade em Florianópolis. Indignada com a situação e determinada a não ceder aos avanços de Omar, Sofia toma uma atitude impulsiva: beija seu amigo Leonardo na frente do ex e decide apresentá-lo como seu "namorado de mentira" durante as festas. Contudo, a convivência intensa entre Sofia e Leonardo faz emergirem sentimentos inesperados, complicando ainda mais a trama. A narrativa explora questões de amor, arrependimento, e a força das escolhas passadas. Sofia precisa decidir entre dar uma segunda chance a Omar ou seguir em frente com um novo amor. A história é repleta de reviravoltas emocionais e situações cômicas, tornando-se um conto envolvente de Natal, amor e reencontros.
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Entro na sala e vejo os meus pais assistindo a um filme caseiro de três anos atrás. Eles estão rindo de uma cena minha com Omar, quando ele me surpreende, jogando-me nos seus ombros e correndo comigo em direção ao mar. Na filmagem, o meu bumbum aparece para cima enquanto eu bato as pernas em protesto, rindo e gritando.
Passo a mão pelos meus cabelos castanhos, longos e pesados, sentindo um incômodo imediato. Detesto essa situação. Tento manter uma expressão neutra enquanto a minha mãe comenta casualmente:
— Quem diria que Omar trabalharia para um Sheik...
Forço um sorriso para disfarçar o desconforto, mas meu coração pesa ao olhar para o vídeo. A cena muda, mostrando nós dois rindo como crianças depois que ele me j**a na água. Meu coração acelera, mas não por causa de Omar. É por Tiago que aparece na sequência. Que droga... Perdê-lo foi um golpe avassalador.
Fecho os olhos me lembrando de uma cena com o meu amigo, meu irmão....
A luz dourada do fim de tarde atravessa as janelas do quarto de Tiago, refletindo no chão de madeira desgastada e criando sombras suaves nas paredes. O cheiro do perfume amadeirado que ele sempre usava ainda parece estar impregnado no ar, misturando-se com a lembrança de suas risadas que preenchiam cada canto da casa. Sento-me na sua cama desarrumada, encarando a guitarra encostada no canto, ainda com as cordas desafinadas da última vez que ele tocou.
Tiago era a alma da nossa casa. Aonde quer que fosse, levava uma energia que contagiava todo mundo. Ele tinha uma facilidade em transformar qualquer momento simples em algo memorável. Lembro-me de uma tarde específica, pouco antes do último Natal que passamos juntos.
— Vamos, Sofi! Anda logo! — ele gritava da porta da sala, segurando uma bola de vôlei em uma mão e um par de raquetes de frescobol na outra.
— Não acredito que você quer fazer tudo isso em uma tarde! — respondo, rindo, enquanto calço os tênis. Ele sempre planejava coisas demais, como se cada dia precisasse ser uma aventura inesquecível.
Descemos para a praia juntos, rindo e brigando como sempre. Ele insistia que eu era péssima no vôlei, e eu rebatia dizendo que ele não tinha paciência para ensinar. Naquele dia, fizemos uma aposta: se eu conseguisse marcar dez pontos consecutivos, ele me compraria um sorvete. No final, ele comprou o sorvete de qualquer maneira, porque "era impossível dizer não para uma vitória tão sofrida".
De volta para casa, ele apareceu no meu quarto com um violão em mãos.
— Escrevi uma coisa. Me diz o que acha. — Ele sentou-se na beira da cama e começou a tocar. A melodia era simples, mas a letra era tão profunda que me fez chorar. Era sobre nós. Sobre como ele me via como a pessoa que sempre estaria lá, mesmo quando o mundo desabasse.
— Você é brega, Tiago. — Digo, tentando esconder as lágrimas, mas ele só ri e bagunça o meu cabelo.
Flashbacks como esses me invadem constantemente. Pedaços de memórias que aparecem nos momentos mais inesperados: o cheiro do mar, o som de uma guitarra, ou até mesmo a risada de alguém na rua que soa como a dele. Cada detalhe me faz lembrar do irmão que era meu melhor amigo, meu confidente, meu parceiro em todas as aventuras.
Estamos na cozinha, onde o aroma doce do brigadeiro recém-feito preenche o ambiente. Tiago está sentado à mesa, a expressão mais séria do que de costume, enquanto mexe o doce na panela com movimentos deliberados.
— Sofia, posso lhe fazer uma pergunta? — Ele rompe o silêncio com a voz baixa, mas firme.
Levanto os olhos, surpresa com o tom. Tiago raramente adota esse ar tão introspectivo.
— Claro, diga. — Respondo, tentando não transparecer a minha curiosidade crescente.
— Já parou para pensar no que pretende fazer após a faculdade? — Ele indaga, o olhar fixo em mim como se buscasse algo além de uma resposta superficial.
Desvio o olhar, rindo de leve para amenizar o desconforto.
— Não exatamente. Prefiro ver como as coisas se desenrolam. Sabe como é, nem sempre dá para planejar tudo com antecedência.
Ele assente lentamente, mas seu semblante permanece sério.
— Entendo. Mas a vida nem sempre espera. — Ele faz uma pausa, como se escolhesse cuidadosamente as palavras. — Não quero soar impertinente, mas tenho receio de que você se acomode no conforto da incerteza.
As palavras atingem-me de forma inesperada. Sinto um leve incômodo, não porque ele esteja errado, mas porque ele tocou em algo que evito admitir até para mim mesma.
— Não acho que seja acomodação, Tiago. Só não gosto de me prender a planos rígidos. Prefiro manter as possibilidades abertas. — Tento explicar, mas percebo que ele não está totalmente convencido.
— Possibilidades são importantes, sim, mas elas precisam de direção, Sofia. — Ele diz isso com um tom suave, mas incisivo. — Só não quero que você olhe para trás um dia e perceba que deixou passar oportunidades por hesitar.
Fico em silêncio por alguns instantes, mexendo na colher do brigadeiro apenas para ter algo com o que ocupar as mãos. Tiago sempre teve essa capacidade de me fazer refletir sobre assuntos que eu preferia ignorar.
— E quanto a você? Já tem seus planos definidos? — Pergunto, na tentativa de desviar o foco.
Ele solta uma risada curta, quase melancólica.
— Estou longe de ter todas as respostas. Talvez seja por isso que insisto tanto com você. — Ele me encara por um momento, o olhar cheio de significados que não consigo decifrar.
De repente, o silêncio na cozinha parece mais denso, carregado de sentimentos que não precisam ser ditos. Essa conversa, embora desconfortável, ecoaria na minha mente por muito tempo. E, como sempre, Tiago encontrou uma maneira de deixar a sua marca.
Perder Tiago foi como perder uma parte de mim mesma. A casa ficou silenciosa, o ar pesado. Os meus pais mudaram, eu mudei. E por mais que os dias continuem a passar, a falta dele nunca diminui. Cada decisão, cada momento importante, eu ainda me pego pensando no que ele diria, no que ele faria.
Agora, enquanto enfrento as incertezas da minha vida, Omar, Leo, minha carreira, tudo parece mais confuso sem Tiago para me ajudar a clarear os pensamentos. Ele era meu norte. E, sem ele, estou constantemente tentando me encontrar novamente.
Encaro o vídeo novamente e um arrepio percorre a minha espinha quando Omar sai do mar e caminha em direção à câmera com um sorriso que costumava ser tão familiar. Ele pega a câmera das mãos de Tiago e começa a filmar, enquanto meu irmão corre para o mar, juntando-se a mim.
O Primeiro Beijo Como CasadosO juiz nos dá a palavra final, e o momento parece mágico. Ele sorri calorosamente, e sua voz soa clara, carregada de significado:— Agora, podem se beijar.Meu coração acelera como se soubesse que algo grandioso acabara de acontecer. Leonardo se aproxima, seus olhos brilhando com uma emoção que só nós compartilhamos. Ele me segura com firmeza, mas ao mesmo tempo com uma suavidade que faz meu coração derreter. É como se suas mãos me dissessem que nunca, jamais, me deixariam ir.E então ele me beija.É um beijo profundo, cheio de paixão e promessas. O mundo ao nosso redor desaparece. As pessoas, os sons, as luzes — tudo se dissolve, deixando apenas nós dois, como se estivéssemos flutuando em uma bolha feita de amor puro. Em meio a esse momento, uma onda de certeza me invade: nossa vida juntos está começando, e não poderia ser mais perfeita.Quando nossos lábios se separam, ele ainda segura meu rosto com as mãos, seus olhos fixos nos meus. Há tanta ternura a
O dia vinte de janeiro está se aproximando rapidamente. A ansiedade se mistura à empolgação, formando um turbilhão que toma conta de mim. A ideia de me casar com Leonardo, de finalmente celebrar o nosso amor de forma oficial e eterna, me faz sentir como se estivesse flutuando. Cada momento que passa, cada segundo mais próximo da data, me deixa mais ansiosa e, ao mesmo tempo, mais tranquila. Porque sei que estamos prontos. Eu sei que é com ele que eu quero passar todos os dias da minha vida.Durante as semanas que antecederam o casamento, tudo tem sido uma verdadeira montanha-russa de emoções. As preparações são muitas, os detalhes infinitos, mas nada me faz mais feliz do que imaginar o que nos aguarda após esse grande dia. Eu e Leo, juntos. Para sempre. Às vezes, olho para ele e não consigo acreditar como ele é meu. Como eu sou dele. Como conseguimos nos encontrar nesse vasto mundo, como nossos corações se reconheceram em meio a tantas possibilidades. Ele, com sua calma, sua força, su
— Muito. Claro.Ela responde com tanta naturalidade, como se fosse a coisa mais simples do mundo, mas para mim, essas palavras soam como uma verdade absoluta, como algo que eu sempre soube, mas agora posso finalmente ouvir de sua boca. A certeza de que ela está aqui, que ela me escolheu, me faz sorrir com uma alegria que vai além das palavras.Eu continuo a observá-la, os meus olhos fixos nos dela, tentando traduzir todas as emoções que borbulham em mim. Mas então, o que eu mais temo escapa dos meus lábios, como uma confissão, uma súplica que não posso mais esconder.— Nunca me deixe, Sofia... Eu não sei o que... o que seria de mim.A voz sai baixa, carregada de um medo que eu não esperava sentir. Eu sei que isso soa quase como uma fraqueza, mas não me importo. Eu preciso dela. Eu preciso dela de uma forma que é mais do que apenas o desejo físico. Eu a amo, e isso é algo que eu não posso mais negar. Não quero mais viver sem ela.Antes que eu possa continuar, ela me cala com um beijo. U
Nos dias que seguem, uma tranquilidade quase mágica se instala entre nós. É como se o tempo tivesse aprendido a acompanhar o ritmo que criamos juntos, permitindo que cada instante fosse vivido com a intensidade certa. O dia 29 chega, carregado de uma suavidade que só o conforto do bem-estar pode trazer. Há algo no ar, uma certeza silenciosa de que estamos vivendo algo raro, como se cada detalhe do cotidiano fosse desenhado para se encaixar perfeitamente com o que somos e com o que estamos construindo.Acordamos com a leveza de quem já se entende no olhar, com gestos que parecem compor uma linguagem própria, feita de detalhes e silêncios. O café da manhã flui como uma dança natural: ele pega as xícaras enquanto eu coloco o pão na torradeira, nossos movimentos se cruzando em harmonia, como se tivéssemos ensaiado. Quando nossos olhares se encontram, um sorriso espontâneo ilumina o momento, preenchendo o espaço com algo que não precisa de explicação.Estamos aprendendo a valorizar os pequ
Eu o observo enquanto ele começa a preparar o almoço. Como não descongelamos a carne a tempo, ele decide improvisar. Coloca uma lata de atum sobre a bancada e começa a abrir, enquanto ferve a água para o macarrão. O cheiro da pasta começando a cozinhar no fogo mistura-se com o leve aroma do atum, criando uma combinação simples, mas deliciosa. Ele pega um pouco de azeite, tempera o atum com alho, cebola e um toque de pimenta, e logo o aroma começa a se espalhar pela cozinha, aquecendo ainda mais o ambiente.Enquanto ele trabalha, a visão dele se movendo pela cozinha traz uma sensação de conforto. Tudo parece tão natural, tão fácil. Ele adiciona um pouco de molho de tomate, mexe o atum, e, enquanto o macarrão cozinha, vai preparando uma salada simples de folhas verdes, com tomate e azeite, para acompanhar o prato. Não é um almoço sofisticado, mas tem algo de especial na maneira como ele o prepara, como se cada gesto fosse uma forma de cuidado.Me levanto e vou até a janela. O dia está c
Meus ombros relaxam. Ele sorri para mim, e, por um instante, a leveza do ar ao nosso redor parece preencher todos os espaços. Ele pega minha mão e me guia até o sofá, com um gesto natural, como se estivéssemos naquele momento, e em todos os momentos futuros, só nós dois.— Verdade? Que bom para mim! — digo, sem conseguir esconder o alívio na voz. A resposta dele parece aliviar a tensão que havia se instalado no meu peito.Ele sorri, e me faz sentar, enquanto se afasta para preparar o café. A casa parece de fato minha agora, com a calma que ele transmite em seus gestos.— Bem. Agora descansa enquanto eu faço um café para nós. A casa é sua...Eu sorrio de volta, sentindo que, naquele instante, mais do que a casa dele, ele me oferece um pedaço de si.— Nem acredito que ficarei uma semana inteirinha com você. — minha voz é suave, mas o sentimento de antecipação é forte. A ideia de ter uma semana ao lado dele, sem distrações, sem pressões, parece perfeita.— Sim, vamos aproveitar bastante.
Último capítulo