Ela poderia ter tudo, menos Ele. Meu nome é Natasha Bertolini. Eu tinha tudo que tudo que uma garota poderia sonhar em ter, em um estalar de dedos. O financeiro nunca me foi problema. Em todas as revistas de moda e da alta sociedade eu aparecia. Sempre posando sorridente, com algum vestido de última moda. Minha vida sempre foi alvo de fofoca por causa da figura de seu pai, Arnold Bertolini, o maior fabricante de barcos a vela de todo o país. Eu era infeliz... Um dia, o rumo da minha história mudou. Isso ocorreu quando eu conheci um homem extraordinário, Gregory Thompson, mas proibido pra mim...
Leer más— Nunca te vi nas festas de Raquel?
— É que somos amigas há pouco tempo.— Entendi. —Ele me encarou sério. —Onde você a conheceu?— Meu pai passou mal, o Senhor Jonas o atendeu. Ela o esperava para irem ao teatro, conversamos e ficamos amigas.Ele me avaliou.— Você é diferente das garotas que eu conheço.Eu ergui minhas sobrancelhas sem entender.—Como? —Perguntei interessada.—Não sei explicar. —Ele correu os olhos azuis pelo meu rosto.—Deve ser porque sou a única aqui que não faz medicina, ou trabalha em um hospital. —Eu disse sorrindo.—Não, não é isso. Você é mais comedida..., mas ainda não é isso.Será que eu aflorava minha condição social?—É natural. Não conheço ninguém aqui. —Insisti, achando que poderia ser isso.—Pode ser. —Ele disse dando de ombros. —Não vai tomar o refrigerante?Eu fiquei tão perturbada com a visão daquele homem que tinha me esquecido completamente da lata de refrigerante.—Vou. Só estou esperando degelar um pouco. —Disse sem graça olhando para a lata.—Deixe que eu abro para você. — Ele a tomou da minha mão.Me entregou com o lacre aberto.—Obrigada.—Você não é o tipo que bebe álcool para se soltar?—Eu sou fraca para bebidas, então prefiro não beber. Eu passo mal....O senhor Jonas Taylor, pai de Raquel se aproximou de nós. Com seus sessenta anos, magro, cabelos grisalhos, olhos castanhos bondosos. Era bonitão.—Que bom que você veio. —Ele disse com voz sonora e me abraçou.Quando nos afastamos, eu sorri, demonstrando minha felicidade por estar ali.—Estou feliz e honrada por ter sido convidada.—Já vi que conheceu Travis.— Olá, senhor Taylor. Sim, acabamos de nos conhecer.Jonas apertou Travis em um abraço forte.—Está em boa companhia. Esse rapaz é um dos alunos brilhantes da UCAS e também trabalha conosco no hospital. Ele ainda será um grande cirurgião.Travis ficou vermelho.—Obrigada Dr. Jonas.—Puxa! Parabéns. —Eu disse a Travis com verdadeira admiração nos olhos.—Bem, não vou atrapalhar vocês.—Imagina, o senhor não atrapalha em nada. —Eu disse sorrindo.Jonas Taylor sorriu.—Divirtam-se.—Obrigada.Jonas se afastou de nós, e eu aproveitei para passar os olhos pela sala, distraidamente. Tocava uma música lenta agora, era nova, eu nem sabia o nome, uma linda melodia. Pessoas dançavam num canto da sala. Sorri ao vê-las. Uma parte de mim invejava - uma parte que sempre invejou as pessoas que poderiam ditar suas escolhas, serem livres.Desviei meus olhos delas e minha visão parou naquele homem que eu tinha visto. Ele conversava com uma garota. Por alguma razão, eu não consegui desviar o meu olhar dele.Por um momento, fiquei apenas observando a maneira como ele conversava com ela. Havia algo nele que me intrigava e me encantava.—Sacha. —Ouvi a voz de TravisEu o encarei.—Essa é Amanda Francis. Ela faz enfermagem na mesma universidade que eu.—Prazer em conhece-la. — Eu sorri simpática para ela, mas meu sorriso morreu quando recebi dela um sorriso frio, que não gostei.Ela estava com ciúmes de Travis? Ah! Não seja por isso.—Com licença. Vou tomar um ar lá fora. Está muito quente aqui. —Eu disse educadamente e me afastei em direção a porta de vidro aberta e que dava para uma pequena varanda.Apoiada em um pilar beberiquei o refrigerante olhando para fora. Fechei os olhos e aspirei fundo o perfume das flores trazidas pela brisa que soprava vinda do jardim.Tocava agora a música de Madona, Material Girl. Eu sorri.Eu era o oposto da personagem cantada nessa música que falava de uma jovem que queria se ligar a um homem rico, pois ela era uma garota materialista. Pensando nisso, me virei e fitei a sala e meus olhos o procuraram novamente.Meu Deus! Que músculos eram aqueles? Os braços fortes, ombros largos, quadris estreitos. Tudo no lugar.Respirei fundo, me sentindo perturbada.Droga! Senti um frio na boca do estômago, todo meu corpo reagindo violentamente quando ele me flagrou olhando para ele. Imediatamente desviei meus olhos dos dele, me sentindo confusa pela atração que ele exercia sobre mim.Perturbada dei as costas para aquela visão tentadora e fitei o jardim, mas a imagem dele ficou gravada na minha cabeça. Tentei ignorar meu coração batendo violentamente no peito...Minutos depois senti um toque no braço. Quase dei um pulo...Vi um rapaz de porte atlético e alto, de mais ou menos minha idade, os cabelos castanhos, olhos verdes. Ele sorria para mim. Fiquei entre aliviada e decepcionada quando vi que não se tratava dele, os sentimentos se misturavam em mim.— Olá, Henry Frame. Qual é o seu nome, anjo? —Ele estendeu a mão.Eu levantei as sobrancelhas, surpresa pela maneira como ele me chamou, sorri.— Prazer, sou Natasha. —Peguei a mão dele e o cumprimentei, soltando em seguida.—Por que está tão quietinha aqui? É do tipo calada?Realmente, eu não era do tipo que falava pelos cotovelos. E falar sobre minha vida era algo que não me atraía.O que eu poderia dizer? Oi, sou filha de Arnold Bertolini, milionária. Minha vida se resume em desfilar em festas ao lado de minha mãe. Meu pai não gosta que eu me misture com a classe operária, ou com classe diferente da nossa. Embora eu seja rica, meu pai quer que eu me ligue a algum homem rico.—Oiiiiiiii! E então? —Ele chamou minha atenção.Pisquei os olhos e o encarei. Sorri sem graça ao perceber que me distraí.—É que não conheço ninguém.Ele esticou mais o sorriso.—É uma boa desculpa. — Seus olhos então se estreitaram. —Parece que eu te conheço de algum lugar?Era bem provável. Eu vivia saindo em revistas da alta sociedade. Uma coisa que eu não queria era ser reconhecida.Eu desviei meus olhos dos dele. Limpei a garganta, quando um bolo se formou nela.—É? Acho difícil. — Disse num tom fraco e me virei para o jardim, fugindo dos olhos dele.Estava tão bom ser eu mesma. O meu nome sempre era associado ao meu pai e aos cifrões que isso representava e como era horrível isso! Eu acabava perdendo minha identidade, e as pessoas focavam mais na figura de meu pai...—O que foi?Eu o olhei de relance.—Nada.—Nada mesmo? Ou está pronta para se atirar dessa sacada para se livrar de mim agora mesmo? —Ele disser sarcástico.Eu ri com a ideia.— Você não está acostumado com esse tipo de reação? —Eu perguntei. Ele parecia o tipo de pessoa que não estava acostumado a ser ignorado.Ele riu para mim.— Normalmente não. As mulheres costumam se atirar aos meus pés, sabe como é.... —Ele disse com ironia.—Verdade?A música Billy Idol, Dancing With Myself começou a tocar.— Ei, vocês não vão dançar? — Raquel disse se aproximando de nós, saltitando.—Dançar? — Perguntei constrangida.Eu não sabia dançar naquele ritmo. Eu ia acabar com o pé de quem estivesse ao meu lado.— Mas que bobagem! Vamos! — Ela insistiu.—Vem, é só balançar o corpo. —Henry insistiu.—Tudo bem. —Dei um sorriso.—É assim que se fala! —Raquel disse dançando em direção a sala.Senti as mãos de Henry puxando as minhas, me conduzindo para junto de Raquel que estava entre outros jovens que dançavam no meio da sala. Henry se posicionou na minha frente e começou a dançar sorrindo para mim.Eu fechei os olhos e entrei no ritmo, ergui meus braços e comecei a mexer meu traseiro ao som da música. Quando abri meus olhos, ele sorria para mim. Sorri para ele, de repente me sentindo feliz...A música acabou e começou outra, Thriller. Todos começaram a fazer a dança dos mortos vivos. Ah! Essa eu sabia dançar! Rindo muito comecei a dançar, e aos poucos fui me lembrando dos passos....— Onde você aprendeu isso? — Henry perguntou quando me viu fazer os passos certinhos.— Oras! É Thriller.—Você dança muito bem.—Obrigada! —Disse alto, sem parar de dançar.Raquel se aproximou de mim e me puxou para um canto dizendo:— Ele é gostoso e é descomprometido. Dá para ter uns beijos roubados.—Você acha? — Observei Henry melhor. Muito jovem, eu sempre tive queda por homens mais velhos. —Por que você não investe nele? —Eu disse me afastando dela rebolando.—Por que levei um baita fora...— Parte para outra... — Respondi suavemente, adotando uma postura indiferente.Estava suada quando a música acabou. Sorrindo, ergui meus cabelos para o alto tentando aliviar o calor.—Vamos lá fora, tomar um pouco de ar, aqui está calor. —Henry me pegou pelo braço e me puxou para fora.Quando alcançamos a varanda, eu respirei o ar puro. O ventinho fresco que vinha do jardim foi muito bem-vindo.—Para quem não dançava, você dançou muito bem.—Quando adolescente imitava o Michael Jackson.—Ah, então está explicado.Sorrindo para ele procurei aquele homem. Eu avistei conversando com o senhor Jonas.Quem era ele? Ele parecia muito íntimo de Jonas Taylor.—Você quer beber algo?Com dificuldade fitei Henry.—Não, obrigada. Preciso dar uma palavrinha com Raquel. Não se prenda a mim. Dance, divirta-se.Sem esperar sua resposta, caminhei até ela. Raquel dançava com ao som The Clash- Rock the Casbah.—Raquel, preciso falar com você.Ela encarou sorrindo o rapaz que dançava com ela e disse qualquer coisa no ouvido dele antes de me seguir.—Que foi? Aconteceu alguma coisa? Está gostando da festa mesmo?—Raquel, estou adorando, não se preocupe comigo...Ela suspirou.— As festas, que você frequenta, devem ser o máximo.Acho que ela estava louca para ser convidada para elas...que eu retribuísse o favor...seria esse o motivo de me ter convidado?— Se você acha um bando de gente fútil, onde cada um conta suas últimas aquisições materiais, se achando o máximo. Você iria adorar. Pois é isso que ouço o tempo todo.Ela quase caiu em mim, quando um rapaz esbarrou nas costas dela. Ela apertou os lábios, contrariada.— Mas você deveria entender que eles falam o que eles vivem no momento. Afinal, eles têm dinheiro para isso, não é? Para gastar.Suspirei.— Eu que sou uma chata então. Tenho asas, mas não gosto de voar.Ela então me olhou pensativa.—O que você queria falar comigo?GREGORY Colei minha testa na sua e fiquei a olhá-la com meus olhos apaixonados. Natasha sorriu, lágrimas salgaram nossa pele e a beijei na boca e fitei nossa filha em seus braços. Uma linda menina. Vitória, era o nome da nossa filha; Nós não o escolhemos por acaso, era uma homenagem a nossa união, onde ela veio para agregar mais a nossa felicidade. Natasha me olhou emocionada. Seus olhos brilhavam felizes espelhando a alegria dos meus. Tudo estava correndo tão bem, que parecia um sonho e iríamos acordar a qualquer momento. Estávamos morando num bairro melhor, decoramos nosso apartamento com móveis novos, até banheira de hidromassagem tinha em nossa suíte. Para mim, que nunca tive nem uma banheira comum, parecia artigo de luxo.... Eu beije Natasha na testa. —Amor, seus pais estão aí, eu vou sair para eles ficarem à vontade com você... —Que besteira, Gregory. Papai já te considera
GregoryEu entrei no apartamento silenciosamente. Me sentia mentalmente esgotado, mas não via a hora de ver Natasha, abraça-la, no refúgio do nosso quarto.Seu pudesse, teria saído antes, mas precisava agir com profissionalismo. Depois que Natasha saiu, muitos repórteres de outros jornais quiseram me entrevistar e eu precisei saber lidar com isso.Agora era esperar o parecer dos críticos, que tinham critérios rigorosos. Se tudo desse certo e se eles realmente tivessem gostado, nós poderíamos sonhar com uma casa maior num bairro melhor. Soltei o ar feliz e sorri com a possibilidade de dar conforto a Natasha.Eu avistei Natasha deitada de bruços, o luar iluminava sua pele, uma deusa prateada. Sorri com ternura e tirando as roupas me dirigi ao banheiro com a imagem dela na minha mente. Entrei debaixo do jato de água quente. O jato sempre falhava, mas d
Sábado, dia da apresentação....NatashaNo dia seguinte, acordamos cedo, quando eu ia sair da cama, Gregory me puxou para os seus braços, quando sua boca veio ávida, sem qualquer perda de tempo, eu me surpreendi. Nunca imaginei que no dia da sua apresentação, Gregory teria cabeça para me querer em seus braços. Agora, não tinha mais nada além de nossos corpos unidos, e o contato da sua ereção com a umidade do meu corpo. Foi tudo o que precisávamos para não deixarmos nem um segundo passar.Mais tarde, Gregory me ajudou com o almoço, quando eu recusei, ele explicou que precisava ficar ativo para não ficar nervoso.Fizemos uma comida bem leve, arroz branco, frango grelhado e salada.Comemos num clima descontraído, mesmo agitados com esse dia cheio de expectativas.&mda
GregoryÀ tarde, deitado na cama enquanto Natasha fazia café na cozinha, o som estava ligado reproduzindo Mozart - Yeol Eum Son. Eu abria e fechava minha mão, tentando me acostumar com o repuxado que ficou na pele conforme eu a movimentava.Tinha combinado de me reunir depois do almoço com o maestro para um pequeno ensaio. Eu me sentia confiante, eu tinha a plena certeza que amanhã eu estaria bem.A imagem de minha mãe surgiu na minha frente com saudade....Suspirei.Ela tinha falecido após um súbito enfarto quando eu era ainda bem jovem. Tão jovem...Eu gostaria tanto que ela estivesse viva para assistir minha apresentação, e se orgulhar de mim... engraçado que o mesmo sentimento eu não tinha pelo meu pai. A verdade era uma só, eu me importava com quem realmente sempre acreditou em mim. E minha mãe sempre me dizia: "um d
Gregory —Estou indo, Rafael. —Eu disse para o gerente do restaurante. —Até amanhã. Rafael apenas acenou com a cabeça e eu não via a hora de sair daquele lugar, na calçada esperei para atravessar a rua e ir em direção ao meu carro que estava estacionado do outro lado dela. Antes de atravessar, ouvi um grito assustado, eu virei a cabeça, foi quando vi uma mulher sendo levada para um beco por um dos caras do clube dos motociclistas que tinha a mão num aperto forte em volta do seu pescoço. Fiquei momentaneamente sem saber o que fazer. Se eu chamasse a polícia, levaria muito tempo para eles chegarem. Aquela minha indecisão acabou quando ouvi novamente ela gritar. Sem pensar em nada, fui em direção ao beco. O merda estava lá, com a calça abaixada, pronto a estuprá-la. Senti uma mistura de raiva e adrenalina. —Seu pedaço de merda, larga ela. A garota me olhou horrorizada, seus olhos brilhavam com as lágrimas. El
“Ser profundamente amado por alguém nos dá força; amar alguém profundamente nos dá coragem”. LaoTséGregoryCom olhos ardendo pela falta de sono, e os nervos à flor da pele fiquei parado observando a mulher que amo dormir. Sempre a vi como uma mulher determinada e forte, mas ela parecia tão frágil agora...Fechei os olhos com tristeza pensando no meu tempo escasso. Senti uma pontada no coração, uma dor quase física me dando conta que dou migalhas para a mulher que é a minha vida.Meu coração estava pequeno dentro do peito me acusando do quanto eu estou em falta com ela. Eu me dividia como marido, funcionário e pianista. Divisões de tempo injustas. Seu pudesse, meu maior tempo seria como marido, depois os ensaios e por último o trabalho. Mas não funcionava assim,eu trabalhava
Último capítulo