O sol batia com força na laje da ONG, como se quisesse abençoar o novo ciclo que nascia ali. O dia amanheceu com cheiro de pão assando e tinta fresca — sinal de que as melhorias estavam a todo vapor. As encomendas haviam chegado logo cedo: caixas e mais caixas rotuladas com brasões da polícia federal e de empresas civis que apoiavam discretamente os carregamentos de Isis. Livros, materiais de escritório, alimentos, brinquedos novos, kits de primeiros socorros e — o que mais emocionou Isis — verba suficiente pra abrir a primeira turma de alfabetização de adultos do morro.
— Agora sim a escola vai sair do papel. — disse ela, segurando o envelope com os documentos da doação.
Na entrada da ONG, Neumitcha trançava o cabelo de Isis com firmeza e carinho. Dread novo, firme na raiz, com miçangas douradas.
— Vai lançar com brilho hoje, hein, rainha?
— É dia de agradecer, Neumitcha. Não importa como a benção chega, importa o que a gente faz com ela.
— Falando em benção… — ela puxou, olhos