O sol nem tinha se espreguiçado direito quando Barril já cruzava o pátio da ONG Raízes do Morro com três caixas de livros equilibradas no ombro.
— Tira o pé do meio, Formiga! Se eu tropeçar, vai chover dicionário até no topo do Cruzeiro!
— Calma, muleque! — Formiga respondeu rindo, ajeitando os bancos de madeira pra aula de reforço. — Vai devagar com o andor, que livro é sagrado, pô!
No mural, uma faixa nova dizia em letras garrafais:
“Reforço Escolar – de segunda a sábado – Aprender é Resistência!”
Dandara chegou com cadernos novos em mãos. Cada um estampado com o selo da ONG e o desenho feito por uma das crianças.
— Cês tão vendo isso? — ela dizia, distribuindo os materiais. — A gente tá virando escola, posto de saúde, centro cultural... tudo junto! E tudo nosso!
— É sobre isso, mana! — gritou Neumítia, atravessando a quadra com os braços cheios de tecidos coloridos e um pente enorme no cabelo. — E quem ainda duvidava que o morro tinha futuro... agora vai ter que engolir em c