O som do tambor ecoava pelo morro desde cedo.
Na ONG Raízes do Morro, o clima era de correria boa: criançada colando bandeirinhas feitas de papel de caderno, mães arrumando as barracas de comida com pano de prato no ombro e colher de pau na mão, e os meninos do corre — com todo respeito à Tia Isis — colando só pelo pagodinho e pelo rango.
Era o primeiro dia da Festa das Raízes, ideia dela com o tal do professor Theo. Ele, mesmo sem entender nada de tradição de favela, colou geral. Montou a barraca de boxe infantil, ajudou na segurança e apareceu com boné de aba reta, camisa de botão aberta no peito e bermuda xadrez. Um estilo meio perdido, mas a intenção valia.
— Tá se enturmando, professor? — gritou Nando, rindo com a boca cheia de farofa e espetinho.
— Tentando — Theo respondeu, enxugando o suor da testa com um pano de prato que ganhou de uma das tias da cozinha. — Mas não vou mentir… tô começando a gostar disso aqui.
Do lado dele, Bê assobiava desafinado enquanto enchia balões