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Capítulo 30 – Enquanto ele dorme, o morro vigia
A madrugada chegava devagar, sem pressa, como quem entende a dor de quem precisa dela longa. Na clínica improvisada da ONG Raízes do Morro, as luzes estavam baixas, e o silêncio era tão pesado quanto a esperança.

Zóio, o moleque que todos juravam ter se perdido, agora estava ali. Vivo. Mas frágil como nunca. O corpo parecia menor, mais magro, desidratado, coberto de hematomas e cicatrizes novas. A bala havia sido retirada. O sangue doado — por Cebola, Barril e Theo — já corria nas veias dele. Mas ainda não havia sinal de consciência. E isso esmagava o peito de cada um.

Isis não desgrudava da beirada da cama. As mãos cruzadas no colo, os olhos fixos no rosto dele.

— Ele nunca chegou atrasado em reunião nenhuma — ela murmurou.

Neumitcha, sentada ao lado com uma manta sobre os ombros, olhou pra ela com ternura:

— Nem todo mundo se atrasa por falta de vontade, minha rainha. Tem gente que vem cambaleando pela estrada da vida. E ainda chega com honra.

Theo encostava numa das paredes, o
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