Quinta-feira.
O morro acordou com cheiro de tinta fresca e som de furadeira.
A ONG “Raízes do Morro” virou canteiro de organização — faixas sendo penduradas, caixas de som sendo testadas, e a criançada excitada com a ideia de três dias de festa.
Doquinha passou empurrando um carrinho com bandeirolas coloridas, boné virado pro lado e a língua solta:
— “Festa no morro é igual batida de tambor: começa devagar, mas quando esquenta, ninguém segura.”
Isis, de rádio na mão, boné pra trás e olhar afiado, comandava geral com voz firme:
— “Alguém arruma uma lona pro ringue. E tragam o povo da cozinha. Quero ver o cardápio!”
Theo, de regata, organizava os alunos na quadra, tentando manter o foco no meio do caos bonito.
— “Tá parecendo os jogos olímpicos do gueto isso aqui…”
— “Se for pra levantar o morro, que seja em alto estilo,” — ela rebateu, passando por ele com uma prancheta e um sorriso que bagunçava os pensamentos dele.
---
Apesar da alegria, havia tensão no ar.
Barril, parado