A sala de recuperação da ONG estava em completo silêncio. As luzes frias, o cheiro de antisséptico, os lençóis limpos — tudo contrastava com o que tinham feito com Neumitcha. Ela respirava. Estava viva. Mas aquilo não era vida.
Corvo não soltou sua mão nem por um segundo. Desde que a recolheu do chão, com o rosto coberto de sangue seco e o corpo largado, ele esteve ali. Sentado. De guarda. Com os olhos vermelhos de tanto segurar o choro. Ou de tanto deixar cair.
Foi ele quem a levou nos braços. Quem limpou os ferimentos do rosto com o maior cuidado. Quem afastou os curiosos. Quem mandou fechar as portas da ONG e impedir gravações. Mariana entendeu. Todo mundo entendeu. Era sobre dignidade.
E quando Neumitcha finalmente abriu os olhos, pela primeira vez, foi a mão dele que ela sentiu apertando a sua.
— Tô aqui. Não soltei, nem vou soltar. — A voz dele era baixa. Firme. Quase um sussurro que embalava.
Ela tentou falar. Mas a dor engasgava. Não era física. Era outra. Uma que não cic