A visão
“Fechei os olhos por um instante, mas a noite não veio. Não havia escuridão, apenas uma claridade estranha, como fogo tremeluzindo em velas distantes. O coração batia acelerado e senti como se mãos invisíveis me empurrassem para além deste lugar. Eu estava entre dois mundos. O som das vozes ao meu redor desapareceu, substituído por um sussurro em línguas que não compreendia. Santa Sara… pensei. Mas não obtive resposta. Apenas a ordem: ‘Olhe’. E eu olhei.
Vi Palermo diante de mim. Mas não a Palermo que conhecemos em festas e luzes. Vi ruas estreitas, homens armados, passos apressados. Vi Pietro José Rivera, primo de Rivera, um homem de olhar de serpente, gritando com seus tenentes. Ele batia na mesa, exigindo notícias. E eu sabia: ele seria o próximo lobo a uivar contra nós.
Vi soldados atravessando ruas com pressa, entrando em tavernas, fazendo perguntas. Vi concubinas assustadas, chorando, crianças agarradas às saias, sem saber para onde