Dois Meses Depois
EDUARDO
Dois meses haviam se passado desde a última vez que ouvi o nome de Isabella ecoar pelas paredes da minha casa como um fantasma indesejado. Sofia estava tranquila — na medida do possível — e Enzo... Enzo florescia. O castelo que ele construiu no quarto ainda estava de pé, intacto, como um símbolo silencioso do que éramos agora: uma família em reconstrução.
Mas a paz, eu sabia, era uma trégua. Nunca um estado permanente. E ela terminou naquela tarde nublada, do nada.
Eu estava saindo do elevador quando o porteiro me chamou.
— Senhor Ferraz, deixaram isso aqui pra você.
Ele estendeu um envelope creme, grosso, elegante. Sem carimbo. Sem logotipo. Sem remetente. Só meu nome.
Escrito à mão.
Travei no lugar.
— Quem entregou?
— Não sei, senhor. Disseram que era pessoal. Entregaram e foram embora.
Peguei o envelope com cuidado, como se fosse feito de vidro — ou dinamite. O papel era caro, encorpado, bem longe de qualquer panfleto ou propaganda barata.
Agradeci com um