ISABELLA
Dei a partida no carro com as mãos ainda tremendo. A conversa com Sofia tinha acabado fazia horas, mas parecia que meu corpo ainda estava preso naquela cadeira do Café Leve. As palavras dela, a calma dela... me rasgaram por dentro mais do que qualquer grito teria feito.
Passei anos achando que odiava aquela mulher. Que ela tinha roubado tudo de mim: meu lugar, meu filho, meu homem. Mas ao olhar nos olhos dela hoje, não vi inimiga. Vi uma mulher que carregou fardos que eu mesma deveria ter segurado. Uma mulher que cuidou do meu filho quando eu escolhi sumir. Que deu colo. Que enxugou lágrimas que eu devia ter enxugado.
E, mesmo assim, me ouviu.
Ouviu meu pedido de perdão sem me humilhar. Me olhou sem rancor. Me viu — talvez como ninguém me via há muito tempo.
Quando estacionei o carro na frente do prédio, respirei fundo. O porteiro me reconheceu e deu aquele aceno contido. Entrei no elevador com um aperto no peito. Eduardo não sabia que eu viria. Não dessa vez. Mas precisava v