EDUARDO
Fiquei observando da porta, sem ser visto. Isabella com o Enzo. Um pedaço do passado tocando o presente com dedos trêmulos. Era como assistir a um filme que eu já conhecia o final — só que, desta vez, eu não sabia se queria ver até o fim.
O abraço dos dois me doeu num lugar que nem eu sabia que ainda existia. Porque por mais que eu amasse meu filho mais do que tudo... ver ele nos braços de quem o abandonou mexia comigo. Me enchia de raiva. De medo. De culpa. Tudo misturado. Um veneno lento escorrendo pelas minhas veias.
Ela tinha saído. Sumido. Deixado um vazio no peito daquele menino que agora tentava, com todo o coraçãozinho machucado, acreditar de novo. E eu... eu era o que ficou. Que cuidou. Que colheu os cacos. Que ensinou Enzo a sorrir de novo. E agora, eu assistia àquela mesma mulher tentar colar os pedaços que ela mesma quebrou. Com palavras doces. Com promessas frágeis.
Sofia se aproximou, encostando no batente ao meu lado. Trocamos um olhar. Não precisava de palavras