Lisboa | Portugal
SOFIA
Os primeiros dias em Lisboa passam como um borrão. Entre reuniões de integração na faculdade, aulas introdutórias e nomes novos para decorar, minha cabeça mal tem tempo de pensar. Mas o coração... ah, o coração não desacelera nem por um segundo.
Acordo antes do sol nascer todos os dias, mais por ansiedade do que por rotina. A diferença de fuso me permite conversar com Eduardo e Enzo ainda antes deles começarem o dia. A chamada de vídeo virou meu momento preferido — é quando o mundo parece mais perto, quando a saudade dá uma trégua.
— Mamãe, olha meu dente! — Enzo mostra, orgulhoso, a janelinha nova na boca.
Sorrio com o coração apertado.
— Tá lindo, meu amor. Já é um menino grande mesmo, né?
Eduardo aparece atrás dele, com olheiras e o cabelo bagunçado.
— Acordamos cedo hoje... Enzo tava ansioso pra te ver.
— Eu também. Sempre.
Desligo a ligação com um nó na garganta. Aqui tudo é bonito, tudo é novo, mas nada tem o cheiro da nossa casa, o som da nossa sala, ou