EDUARDO
A noite está densa. O silêncio lá fora não é normal — é tenso, carregado, como se o próprio ar soubesse o que está por vir.
Carlos chega com dois seguranças armados. Um deles se posiciona no quintal, o outro na frente da casa. Eu os conheço de outros tempos. Homens frios, calculistas, e isso me dá alguma segurança.
— Você acha que ele vai tentar alguma coisa hoje? — Carlos pergunta, discreto.
— Não acho. Eu tenho certeza.
Ele assente, e então me entrega um pequeno ponto eletrônico.
— Se algo acontecer, aperte esse botão. Nossos homens agirão imediatamente.
— Obrigado. Mas se ele aparecer, eu mesmo vou cuidar disso.
Subo para o quarto. Sofia está acordada, sentada na poltrona, com Enzo no colo. Os olhos dela encontram os meus, e pela primeira vez vejo o medo misturado com raiva.
— Eu não quero mais fugir — ela diz. — Eu não vou deixar ele nos destruir.
Me aproximo e toco seu rosto com cuidado.
— Eu juro, Sofi. Isso termina hoje.
Deixo um beijo na testa dela e desço novamente, i