SOFIA
Enzo dormia, embalado no mundo seguro dos sonhos, alheio ao caos que se aproximava com passos silenciosos.
Quando a campainha tocou, um calafrio percorreu minha espinha. Espiei pelo olho mágico antes de abrir. Um homem miúdo, com o rosto semioculto por óculos embaçados e uma expressão que misturava cansaço e astúcia, aguardava com uma pasta embaixo do braço.
Abri devagar.
— Jornalista enviado pela Laura — ele murmurou. — Vim entregar o inferno em forma de bytes.
Estendeu um pen drive com o cuidado de quem entrega uma arma. Peguei o objeto como se fosse explosivo.
— O Victor… tem mais sujeira escondida do que esgoto embaixo de palácio — ele continuou, entrando e olhando ao redor com cautela. — Prostituição de menores. Desvio de verba pública. Chantagens. Conexões diretas com milicianos no subúrbio. Tudo documentado. Assinaturas. Vídeos. Fotos. Inclusive coisas que ligam ele a desaparecimentos... e execuções.
Meu estômago revirou.
— Isso é real? — perguntei, com a g