SOFIA
Passei o dia inteiro com Enzo grudado em mim como se fôssemos uma só pessoa. Ele se recusava a soltar minha mão nem por um segundo. Chorava se eu saía do campo de visão, tremia quando ouvia qualquer barulho fora do comum. Até o som do interfone o fazia esconder o rostinho no meu pescoço.
Estávamos na sala, e ele se encolheu no meu colo com um dos brinquedos preferidos — o ursinho que ele chamava de “Senhor Biscoito”. Apertava com tanta força que parecia querer afundar o medo naquele tecido velho e puído. Me partia o coração.
— O moço vai voltar, mamãe? — ele perguntou, baixinho, com os olhos arregalados de pavor.
Engoli o nó na garganta antes de responder. Eu precisava parecer forte, mesmo que por dentro eu estivesse tão despedaçada quanto ele.
— Não, amor. A mamãe e o papai estão cuidando de tudo. Você tá seguro, tá bom? Ninguém vai te machucar. Nunca.
Mas a verdade que me corroía era outra. A segurança que nos cercava era frágil. Tão frágil quanto vidro trincado. E a qualquer