Conviver com Beatriz Almeida Castro não exigia apenas atenção. Exigia resistência.
Desde o primeiro café da manhã após sua chegada inesperada, ficou claro que ela não ocupava aquele espaço como mãe, nem como esposa. Ocupava como presença. Como ruído constante. Como alguém que precisava ser vista para não desaparecer.
— Amor, você vai sair cedo hoje? — perguntou ela, sentando-se à mesa com um robe de seda claro, perfeitamente maquiada para alguém que dizia ter acabado de acordar.
Heitor folheava o tablet, concentrado. Não ergueu os olhos.
— Tenho reuniões fora. Volto tarde.
Beatriz fez um biquinho estudado.
— Você sempre volta tarde.
— Porque trabalho — respondeu, seco.
Observei em silêncio enquanto colocava frutas no prato de Alice, cortando tudo em pedaços pequenos, do jeito que ela gostava. Pedro mexia o cereal com a colher, distraído, os olhos baixos. Nenhum dos dois falava. Nenhum dos dois sorria.
A presença da mãe não os deixava à vontade. Era como se o ar tivesse ficado