O almoço transcorria em um silêncio quase respeitoso.
Pedro falava pouco, concentrado no prato. Alice comia devagar, observando tudo com atenção curiosa. Beatriz mexia distraidamente na taça de água, o celular pousado ao lado do prato, como se a mesa fosse apenas uma parada obrigatória entre compromissos mais interessantes.
Heitor era o único que parecia realmente presente.
— O internato antecipou o recesso — disse ele, cortando a carne com precisão. A voz era neutra, prática. — Eduardo vem passar alguns dias em casa.
A frase caiu no ambiente como um objeto fora de lugar.
Beatriz ergueu o olhar de imediato.
— Como é? — perguntou, franzindo a testa. — Ninguém me avisou disso.
— Foi decidido hoje pela manhã — respondeu ele, sem emoção. — Eu vou buscá-lo amanhã.
Ela apoiou os talheres no prato, o gesto contido demais para ser casual.
— Justo agora? — murmurou. — Ele tinha combinado de ficar no internato até o fim do semestre.
— O internato decidiu antecipar — repetiu Heitor, nu