POV Elena
O espelho do quarto refletia mais do que minha imagem, ele cuspia minhas derrotas. Eu encarei meu reflexo com a mesma frieza com que encarei tantas outras mulheres que ousaram cruzar o caminho dos Montenegro. Mas agora… agora era diferente. Heitor estava distante. Frio. Gelado. Como mármore rachado. Fazia dias que ele não me tocava. Que não dizia meu nome com desejo. Nem com ódio. Só silêncio. Silêncio e esse olhar perdido. Como se ainda sentisse o cheiro da maldita Isadora nos travesseiros.
Revirei os olhos e mordi o lábio inferior, impaciente. Como ele podia ainda pensar nela? Depois de tudo? Depois da exposição, da humilhação pública, dos vídeos? Depois de tudo que eu fiz por ele? Sim. Eu fiz por ele. Eu menti. Eu ajudei a construir a narrativa. Eu editei com Célia. Eu segurei o caos dentro da casa Montenegro enquanto o mundo lá fora desmoronava. E o que eu ganhei? Silêncio. Frieza. Solidão.
Me levantei, andei até a penteadeira e encostei os dedos nas pérolas do colar que