POV Heitor Montenegro
As paredes pareciam fechar ao meu redor. Aquele envelope… Aquele maldito envelope com o nome dela.
Isadora Ferraz. Ultrassom obstétrico. Cinco meses sem que eu a tocasse, enquanto ela ainda era minha. Já faz quase quatro meses que ela foi embora e tudo desmoronou. Nove meses em que ela dormia do outro lado da cama e eu me afogava em silêncio. Nove meses em que eu ainda a chamava de “minha mulher”, mas ela já estava vazia de mim.
E agora… agora ela carrega um filho. Mas não é meu. Meus punhos estavam fechados desde que saí do restaurante. A raiva queimava debaixo da pele, fervendo como óleo quente na alma. Dante. Aquele desgraçado engravidou a minha Isa.
Entrei em casa arrebentando a porta. A chave nem girou direito. Nem me dei o trabalho. Célia apareceu no corredor.
— Heitor... o que foi isso?
— SAI DA MINHA FRENTE! — urrei, a voz saindo como um trovão engasgado em sangue.
Ela recuou. Pela primeira vez em anos… vi medo no rosto da minha mãe. Mas eu não ligava. C