POV Isadora Ferraz
As palavras dançavam na tela, quase no ritmo da minha respiração. Era estranho, sabe? Ver minha história ganhando corpo, título, capítulos… finais. Como se algo dentro de mim, finalmente, estivesse sendo costurado. Uma ferida fechando de dentro para fora. Eu estava ali, sozinha na minha sala da editora, café frio do lado, rascunhos amassados pelo chão e a barriga começando a pesar. Não só no corpo. Na alma também.
O livro estava quase pronto. O projeto gráfico já aprovado, a capa escolhida, a última leitura crítica em andamento. Faltava pouco para eu colocar no mundo algo que era meu, só meu. Pela primeira vez em anos, eu me sentia dona da minha história. Com medo? Sempre. Mas era aquele medo bom, que vem quando a gente pula sem saber se tem rede embaixo.
Eu estava prestes a fechar o notebook quando o celular vibrou. Heitor. O nome brilhou na tela e, por um segundo, minhas mãos hesitaram. Respirei fundo. A mente já gritava não abre, não se machuca, não volta. Mas o