3. Tensão
A casa era tão grande que eu continuava com a sensação de que, se me perdesse ali dentro, só me encontrariam na próxima temporada de um reality show, provavelmente já eliminada, porque ninguém teria paciência de procurar por mim. Márcia, a governanta, andava devagar, explicando cada cômodo com uma calma de quem conhecia aquele lugar como a palma da mão, e eu… bem, eu mal lembrava o caminho de volta pra cozinha.— Aqui é o quarto dos pequenos — disse ela, abrindo uma porta branca que parecia ter sido polida cinco minutos antes.Entrei e quase deixei escapar um “uau”. O quarto era literalmente digno de revista de decoração, mas a versão vida real, com um toque generoso de caos infantil. Brinquedos pelo chão, roupas largadas como se fugissem de algum monstrinho do armário, meias perdidas num nível que eu jurava ouvir gritos de socorro vindo delas.— Eles não gostam muito que mexam no espaço deles — explicou Márcia, entregando-me uma prancheta com folhas plastificadas. — Essa é a rotina.
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