7. Trabalho
Fiquei olhando Henrique brincar com as crianças. Ele faz bagunça na minha sala de estar como se tivesse a mesma idade que meus filhos e zero limites. As crianças adoram, obviamente. Lucas sobe nas costas dele como se fosse um cavalo de rodeio, e Alice ri tão alto que até os quadros parecem vibrar.
— Cuidado com o sofá — murmuro, mas ninguém me escuta, como sempre.
A cena deveria me irritar. E irrita. Um pouco. Porém… sei lá. Tem algo ali que me prende por mais tempo do que eu gostaria de admitir.
Henrique vira um amigo dos meus filhos com uma facilidade que eu não consigo imitar. Ele faz vozes, inventa histórias, finge que o tapete é lava. E eu fico ali, parado, assistindo como se fosse um intruso dentro da própria casa.
Com Henrique eles ficam super a vontade, diferente de comigo, porque eu coloco limites, eu educo. Henrique é o tio chato que mima eles. Quando estão com Henrique é como se eu nem estivesse aqui também.
Manuela tropeça rindo, e meu corpo se move antes do pensamento, só