Na manhã seguinte, o nome não saiu da casa.Não foi falado outra vez, ninguém ousou repeti-lo, mas ele ficou ali. Preso nas juntas da madeira, nos degraus gastos pelas botas, nos corredores estreitos que levavam de um cômodo ao outro. Era como se “Ael…” tivesse se espalhado sem precisar ser pronunciado.Helena percebeu isso ao descer as escadas.Os riscos que sempre estiveram ali — marcas do guardião antigo, cicatrizes da casa — pareciam organizados de outro jeito. Não tinham se movido, mas agora contavam outra coisa. Como se aquele pedaço de nome tivesse dado contexto ao que, antes, era apenas rabisco.Lyria já estava de pé, sentada no último degrau, pés descalços, a concha numa mão e o disco na outra. Balançava as pernas, mas o olhar era distante.— A casa não parou de falar a noite inteira — ela disse, sem rodeios, assim que Helena se aproximou.— E tu? — Helena perguntou. — Dormiste?Lyria deu um meio sorriso.— Mais ou menos. Passou o dedo pela superfície do disco, sem ativá-lo.
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