Naquela noite, a casa demorou mais para adormecer.
Os corredores, que costumavam se calar depois da última ronda, pareciam sussurrar entre si. A porta que respirava, vigiada por Sigrid no primeiro turno, mantinha a mesma presença pulsante atrás da madeira. Era como estar diante de alguém que decide ficar acordado só porque tem medo do que pode sonhar.
Helena fingiu que trabalhava sobre a mesa de mapas, mas os olhos voltavam sempre para o mesmo ponto: o corredor estreito que levava até a porta proibida. O corpo dela estava ali; a atenção, metade no papel, metade na madeira que tremia no limite entre silêncio e pedido.
Erynn entrou sem bater, como sempre fazia quando o assunto era sério demais para formalidades.
— O livro respondeu — anunciou, segurando o Registro das Vigílias junto ao peito.
Helena ergueu o olhar.
— O livro… ou a tua insônia?
Erynn ignorou a provocação, pousando o volume pesado sobre a mesa.
— Depois que a porta começou a respirar, senti algo mexer nele. Como se o bur