A manhã seguiu com um tipo de tensão que não fazia barulho, mas fazia sombra. O tipo de silêncio que Helena reconhecia: não o natural, mas o observado. O ar parecia ter olhos. As paredes, ouvidos.Kael caminhava pelo pátio com o passo do Alfa — firme, territorial, dono do chão que pisava —, mas toda vez que passava perto de Helena ele desacelerava, como se o corpo dele estivesse aprendendo a respirar no ritmo dela.Lyria estava com Marta no fundo da casa, tentando aprender a amarrar um pedaço de linha na concha. A menina falava baixo, mas Helena percebia: ela estava tentando se convencer de que era apenas um dia comum.Infelizmente, não era.— A primeira patrulha já saiu — anunciou Ronan, aproximando-se. — Dois homens pelo norte, dois pelo sul. Trocas a cada três horas. — E Sigrid? — perguntou Helena. — No alto desde antes do amanhecer. Só desce quando cair. — Ronan deu meio sorriso. — Ou quando tu mandares.Kael observava tudo em silêncio. O queixo firme demais, o olhar
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