A fumaça do braseiro ainda impregnava as paredes quando Helena acordou.
Não era cheiro de fogo acabado; era cheiro de decisão.
Um cheiro que permanecia mesmo quando o vento mudava.
Kael estava sentado à beira da cama, costas largas curvadas para frente, os cotovelos apoiados nos joelhos.
Ele não dormira — ela sabia sem perguntar.
— Estás ouvindo alguma coisa? — Helena perguntou, a voz ainda arranhada.
Kael balançou a cabeça.
Mas o olhar dizia mais: ele estava sentindo.
Sentindo o ar, as pedras, a distância.
Ela levantou-se devagar, tocou o ombro dele.
— Ele tentou entrar?
Kael negou, mas errou o ritmo da respiração.
Helena entendeu.
O perigo não tinha se aproximado — tinha se afastado.
E isso era pior.
No pátio, Sigrid já estava acordada, braços cruzados, examinando o horizonte com o olhar de quem procurava detalhes invisíveis.
— Dormiu? — Helena perguntou.
— Só o que o corpo exigiu para não cair do alto.
— Algo novo?
— Nada. E isso está errado. — Sigrid franziu