A noite caiu cedo demais.
Não foi o sol que desapareceu depressa — foi o dia que pareceu desistir.
Como se a luz não quisesse dividir o mundo com aquilo que rondava o Norte.
Helena passou o dia inteiro lutando contra o próprio cansaço.
Os olhos ardiam, os ombros pesavam, mas a mente… a mente estava afiada demais para dormir.
Kael também não fecharia os olhos naquela noite.
Ela sabia sem perguntar.
Ele estava no centro da sala grande, parado, olhando o fogo como quem conversa com ele.
A cicatriz na garganta brilhava fraca, como se pulsasse ao ritmo do que acontecia do lado de fora.
Helena se aproximou.
— Estás ouvindo? — ela perguntou.
Kael não respondeu com a boca.
Mas o olhar disse: sim.
Ela sentiu o estômago afundar.
— Ele está chamando?
Kael negou.
Depois, ergueu dois dedos.
Era pior.
Dois chamados.
Dois pontos.
Dois focos.
— Ele se dividiu? — Helena arriscou.
Kael assentiu.
No piso superior, Lyria não conseguia dormir.
Erynn havia apagado quase todas as luzes