Kael chegou ao portão antes do amanhecer, quando a neve ainda guarda o último segredo da noite.Helena vinha ao encontro dele, o manto pesado, sal no cabelo como poeira de estrelas mortas.Ronan a amparava.Erynn aguardava na muralha com o cajado pousado, como quem sustém uma ponte com as mãos.Kael não perguntou “o que aconteceu”.Sentia.O ar trazia um cheiro novo — não maresia; pacto.Helena ergueu os olhos para ele, e, por um instante, Kael viu o mar por trás do rosto que amava: um azul profundo, paciente, infinito.— O arco preso não existe mais — ela disse, cansada. — O leste veio cobrar.Kael a tocou nos punhos, checando calor, pulso, vida.E o preço?Helena abriu a mão.Na palma, cintilava a pequena runa do entre — duas linhas e um ponto, acesa como brasa fria.Kael sentiu a cicatriz reagir, a prata aquecendo sob a pele.Ele te marcou.— Ele me devolveu — corrigiu. — E deixou a dívida no meu corpo.Erynn desceu os degraus devagar, os olhos fixos no símbolo.— O mar não escreve
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