O Norte não amanheceu.
A lua permaneceu suspensa, teimosa, recusando-se a ceder espaço ao sol.
Era como se o mundo também não soubesse qual dos dois Arens seguir.
Helena ficou imóvel diante deles — o filho de carne e o filho de reflexo.
Idênticos até o respirar, mas o ar ao redor de cada um tinha um peso diferente.
O primeiro cheirava a neve e vida.
O outro, a espelho e lembrança.
Kael foi o único a se mover.
— Não pode haver dois Corações.
O reflexo sorriu.
— Já há. E o Norte respira melhor assim.
— Respira dividido.
— Divisão também é forma de equilíbrio.
Helena sentiu o corpo estremecer.
O reflexo falava com a voz exata do filho, mas sem calor, sem hesitação.
Aren, o verdadeiro, olhou para ele e viu algo que o assustou: ausência de medo.
— O que és? — perguntou o menino.
— Tudo o que deixaste de ser quando escolheste obedecer.
Erynn aproximou-se, bastão em punho.
— Reflexos são sombras com fome. Alimentam-se do que negamos a nós.
O falso Aren inclinou a cabeça.
— En