Início / Lobisomem / A LUNA DO ALFA SEM VOZ / ✦ CAPÍTULO 38 — CARTAS DE SANGUE
✦ CAPÍTULO 38 — CARTAS DE SANGUE
A primeira carta verdadeira–falsa chegou ao amanhecer, coberta de gelo fino como véu de noiva.

Trazia o selo da Aldeia do Veado Branco — reconhecível, legítimo.

O papel, o mesmo de sempre; o laço, o mesmo nó; a caligrafia, quase a mesma.

Mas quando Erynn a ergueu contra a luz, algo escureceu no fundo, uma sombra rubra que não deveria morar em fibra de papel.

— Não é ferrugem — disse, sentindo o peso antigo. — É sangue.

Ronan rangeu os dentes.

— O Curador misturou verdade ao veneno.

Helena aproximou a palma com a runa; a luz do entre brilhou, e o texto tremeu como peixe vivo.

As linhas se separaram: metade lembrança, metade invenção.

“Mãe, o degelo quebrou nosso cais.

O pequeno Aram caiu.

Preciso do nome da tia para chamar o sal.”

Até ali, lembrança limpa — Erynn conhecia a família, lembrava do cais de madeiras velhas.

Abaixo, a mentira, costurada em tinta escura:

“Envia teu sobrenome para amarrar o meu.

Se não vies, esqueço.”

Sigrid bateu a agulha na mesa.

— Pedidos de sob
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