A primeira carta verdadeira–falsa chegou ao amanhecer, coberta de gelo fino como véu de noiva.
Trazia o selo da Aldeia do Veado Branco — reconhecível, legítimo.
O papel, o mesmo de sempre; o laço, o mesmo nó; a caligrafia, quase a mesma.
Mas quando Erynn a ergueu contra a luz, algo escureceu no fundo, uma sombra rubra que não deveria morar em fibra de papel.
— Não é ferrugem — disse, sentindo o peso antigo. — É sangue.
Ronan rangeu os dentes.
— O Curador misturou verdade ao veneno.
Helena aproximou a palma com a runa; a luz do entre brilhou, e o texto tremeu como peixe vivo.
As linhas se separaram: metade lembrança, metade invenção.
“Mãe, o degelo quebrou nosso cais.
O pequeno Aram caiu.
Preciso do nome da tia para chamar o sal.”
Até ali, lembrança limpa — Erynn conhecia a família, lembrava do cais de madeiras velhas.
Abaixo, a mentira, costurada em tinta escura:
“Envia teu sobrenome para amarrar o meu.
Se não vies, esqueço.”
Sigrid bateu a agulha na mesa.
— Pedidos de sob