O som da queda foi um trovão afogado.
Kael despencou por um túnel de gelo e pedra, sem tempo para pensar, sem força para gritar.
O ar queimava como lâmina.
Depois, o impacto — seco, surdo, cortante.
O corpo parou.
A alma, não.
Abriu os olhos devagar.
A claridade vinha de cristais nas paredes, pulsando em azul e prata, como corações enterrados.
O ar tinha cheiro de ferro antigo.
E o silêncio... o silêncio era vivo.
Tentou se mover, mas a dor respondeu primeiro.
Cada músculo era uma lembrança do golpe.
Respirou fundo e encostou a mão no chão.
Frio, mas não morto.
O gelo vibrava, como se algo respirasse por baixo dele.
— Onde… — sussurrou, mas a voz falhou.
A cicatriz na garganta ardia.
A mesma dor que sentira quando perdera a voz pela primeira vez.
“Kael.”
A voz veio de dentro da pedra.
Não era Aren.
Era mais velha.
Mais grave.
— Quem fala?
“O Norte. Ou o que sobrou dele.”
— O Norte não fala.
“Fala contigo, Alfa. Fala porque foste o primeiro a sangrar pe