JÚLIA *O espelho não mentia. Ele mostrava tudo. A pele, a curva da cintura, os seios expostos, a insegurança estampada no meu rosto, eu estava nua. Literalmente. E, pela primeira vez, não por descuido ou intimidade, mas por obrigação, por necessidade, por desespero.Nunca pensei que chegaria a esse ponto.Ali, parada em frente à câmera, eu tentava parecer confiante. Tentava parecer o que eles queriam que eu fosse, desejável, segura, ousada. Mas a verdade é que minhas pernas tremiam, meu estômago parecia um nó apertado, meus olhos fugiam do fotógrafo, da mulher com a prancheta, da gerente da agência que me observava com um olhar cirúrgico, como se estivesse avaliando um pedaço de carne rara.Tudo começou quando minha mãe adoeceu.Ela sempre foi meu porto seguro, minha fortaleza, e agora estava definhando em uma cama, esperando por exames e tratamentos que eu simplesmente não conseguia pagar. Dançar na boate já não bastava, o dinheiro sumia antes mesmo de chegar. Foi aí que Rebeca, u
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