O silêncio de um fim de tarde preenchia a sala quase vazia do escritório. O ar condicionado zumbia constante, abafando o som do trânsito distante. Helena ajeitou os papéis sobre a mesa, mas sua mente vagava para bem longe dali. Desde que ouvira, por comentários soltos nos corredores, que Adriano vinha se reaproximando da ex-mulher, uma inquietação lhe tomava o peito como um aperto invisível. Adriano, de olhos claros como água em movimento, aproximou-se com aquele sorriso gentil que parecia sempre esconder algo. Colocou a pasta sobre a mesa ao lado dela. — Está tudo bem, Helena? — perguntou, em tom baixo, quase cúmplice. Ela ergueu os olhos, surpresa com a pergunta direta. Hesitou, mas respondeu: — Mais ou menos. Ando pensando demais… sobre a vida, escolhas. Ele inclinou a cabeça, curioso. — Escolhas? Helena sorriu sem alegria. — Acho que todo mundo, em algum momento, se pergunta se tomou o caminho certo. Eu… — respirou fundo — às vezes me sinto presa em uma história que não me p
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