Os dias se tornaram semanas, e as semanas, quase dois meses. Adriano continuava em viagem, envolvido em reuniões, relatórios e visitas técnicas que pareciam não ter fim. Helena, a princípio, sentiu alívio com a distância. Achava que o tempo a ajudaria a apagar as lembranças — o toque, o cheiro, a confusão deliciosa e dolorida que ele provocava. Mas o que veio foi o contrário. A ausência dele não curou nada. Apenas aprofundou o vazio. No trabalho, tudo seguia igual. Artur mantinha o mesmo tom burocrático, Lígia circulava com sua eficiência controlada, e os dias se repetiam com previsível monotonia. Helena, no entanto, sentia-se deslocada. Desde que Adriano partira, o ambiente havia perdido cor. Era como se ela vivesse em modo automático — cumprindo prazos, participando de reuniões, mas com a mente longe, em algum lugar entre o que foi e o que não poderia mais ser. Às vezes, quando recebia um e-mail assinado por ele — curto, direto, quase impessoal —, o coração dela reagia c
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