A chuva voltara a cair em Santa Aurélia, fina e constante, como se o céu lavasse o peso que se acumulava sobre o solar Ferraz. Isabel já não contava os dias desde que Gabriel partira — havia aprendido a se mover entre o vazio e a rotina, sustentada por um fio tênue de determinação.Os jornais ainda falavam sobre os desdobramentos do caso Monteiro, agora reaberto sob novas suspeitas. Documentos misteriosos, contas no exterior, movimentações recentes em nome da A.M. Legacy Corporation.Tudo ligado, de alguma forma, ao nome de Isabel Valente Ferraz.Ela passava as noites acordada, revendo cada detalhe, cada conversa, tentando entender. Às vezes acreditava que Gabriel havia mentido até o fim. Outras, no silêncio profundo da madrugada, tinha a sensação contrária — a de que ele ainda estava ali, protegendo-a, escondido nas sombras que o próprio passado criara.E estava.A trezentos quilômetros dali, em Valdívia, um homem de sobretudo escuro caminhava sob a chuva, o rosto parcialmente encobe
Ler mais