O sol nascia devagar sobre Santa Aurélia, tingindo o céu com tons de ouro e lilás. O vento trazia o cheiro de terra úmida e flores abertas — um perfume de recomeço. O solar Ferraz, com suas janelas abertas e cortinas dançando ao amanhecer, já não parecia o mesmo cenário que testemunhara tantas dores. Era, agora, uma casa viva.Isabel despertou antes de todos. Levantou-se devagar, cruzando o corredor banhado pela luz suave da manhã. Passou a mão pelas paredes, lembrando-se de tudo o que aquele lugar guardava: medos, promessas, lágrimas e, enfim, paz.No jardim, Gabriel cuidava das roseiras. Ainda usava o casaco, mesmo com o calor que se anunciava, e um pequeno sorriso aparecia quando a via chegar.— Acordou cedo.— Como dormir, se o mundo lá fora parece outro? — ela respondeu, ajoelhando-se ao lado dele.— Talvez o mundo não tenha mudado tanto — ele disse. — Talvez tenha sido a gente.Ela riu, encostando a cabeça em seu ombro.— A gente sobreviveu, Gabriel. E aprendeu que o amor não é
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