O silêncio no palácio de Khaled Al Hassan era mais ensurdecedor do que qualquer clamor de guerra. O sol do deserto, ainda no seu auge, inundava os vitrais de ouro e lançava reflexos ardentes sobre as paredes, como se o próprio céu vigiasse a cena que estava prestes a acontecer. Dentro do grande salão, o Sheik caminhava de um lado para o outro, a túnica branca esvoaçando, o kefiah meticulosamente ajustado sobre a cabeça. Os olhos verdes, duros como lâminas afiadas, jamais titubeavam.Ao seu redor, dezenas de homens armados permaneciam imóveis, como estátuas vivas, esperando apenas um gesto para cumprir qualquer ordem.Diante dele, o presidente da embaixada brasileira na Arábia Saudita, Otávio Mendes, segurava o suor que escorria pela testa. O homem de meia-idade, acostumado às formalidades políticas, jamais havia sentido tamanho peso em uma sala de negociações. Não era apenas o peso de um líder. Era o peso de um império vivo, de um soberano que carregava séculos de tradições e leis gra
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