📓 Narrado por Clara — Sexta, 00h15 da noite Eu me virei pra ir embora. O mar ainda rugia lá atrás, e o vento batia contra o rosto, gelado, como se quisesse apagar o que tinha acabado de acontecer. Mas antes que eu desse dois passos, senti a mão dele no meu braço. Forte. Insistente. — Me solta, Lacerda. — avisei, sem virar o rosto. Ele riu baixo, aquele riso debochado de quem não sabe quando parar. — Você acha mesmo que o Satamini vai te dar o que eu te ofereceria? Fechei os olhos, respirei fundo. — Cuidado com o que fala. — Tô só dizendo o que todo mundo vê. — provocou, aproximando o rosto. — Você se mata por ele, e ele mal nota quando você entra na sala. Puxei o braço, mas ele segurou de novo. O toque queimava. — Lacerda, solta. — Eu podia te fazer esquecer ele em uma noite. — disse, com a voz baixa, rouca, quase um sussurro. — Se um dia cansar de ser sombra, me procura. O tapa veio sem aviso. Seco, forte, cheio de tudo que eu não disse. Ele virou
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