📓 Narrado por Miguel — Quarta-feira, 19h12 O escritório já tava quase vazio quando voltei da última reunião. As luzes do andar estavam baixas, o silêncio cortado só pelo zumbido do ar e o tilintar distante de alguma impressora esquecida. Sentei na mesa, soltei o paletó e fiquei ali, encarando o nada. O dia inteiro foi um soco atrás do outro. Reuniões, prazos, cobranças e ela. Sempre ela, com aquele olhar que me atravessa, mas nunca me entrega nada. As palavras que saíram da minha boca mais cedo ainda ecoavam. “Se for mais um joguinho pra eu me sentir culpado, nem começa.” Idiota. Eu podia ser frio, mas não precisava ser cruel. O relógio marcava 19h passadas quando bateram na porta. — Pode entrar. — falei, sem levantar o olhar. Ela entrou. Cabelos presos de qualquer jeito, o blazer no braço, o rosto cansado, mas o queixo erguido. O mesmo controle que me irritava e, ao mesmo tempo, me fazia respeitar. — Vim avisar que já tô indo, senhor. — disse, firm
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