O tempo passou mais rápido do que eu imaginava. Minha barriga já era impossível de disfarçar, redonda, firme, exibindo ao mundo a vida que crescia dentro de mim. Os enjoos tinham ficado para trás, e embora o sono fosse constante, eu me sentia melhor, mais disposta.
Ainda trabalhava no projeto do rancho, revisando números e escrevendo relatórios, mas agora usava o e-mail de papai. Assim, Antônio continuava recebendo as atualizações sem sequer imaginar que era eu quem as preparava. Era como se eu tivesse criado uma barreira invisível entre nós, e isso me trazia uma estranha sensação de segurança.
Lucas e Ana tinham voltado à capital por uns dias, para resolver a vida deles, mas já avisaram que logo estariam de volta. O silêncio que deixaram na casa era perceptível, mas não ruim. Eu precisava desse tempo.
Mamãe, por sua vez, parecia ter ganhado uma nova missão na vida. Passava horas tricotando roupinhas, enchendo a sala de novelos coloridos. Cada casaquinho ou sapatinho terminado e