Nessa noite não desci para o jantar. A gestação estava acabando comigo. Eu tentava manter o ritmo, mas a indisposição sempre me pegava de jeito. Desci apenas para pegar um copo d’água e encontrei Lucas lavando a louça do jantar.
— Você não precisa voltar para casa não? — provoquei, só para implicar.
— Eu sei que quer se livrar de mim, mas sinto informar que não vai. — respondeu em tom brincalhão, sem sequer parar o que fazia. — Tenho privilégios, sabe? Não preciso estar presente para ganhar dinheiro.
— E seu pai não liga em bancar um marmanjo desse tamanho enquanto você está por aqui?
— Tsc, nada! Eu tenho meu patrimônio desde os vinte e poucos. Vivia de castigo, Aurora, precisava me virar. Peguei a mesada que tinha juntado, investi em moedas digitais… depois vieram outros negócios. Hoje já posso viver tranquilo, mas é claro que ainda aproveito do meu pai — riu, debochado.
— Lucas, você é uma caixinha de surpresas.
— Mas para a sua alegria, preciso ir mesmo. — Ele parou, me enca