27. UM FIO DE ESPERANÇA
O domingo amanheceu cinzento, com um vento frio que varria as ruas da cidade. Isabela acordou cedo, sem vontade de sair, mas Helena havia batido à porta de seu quarto com a voz firme, quase como uma ordem disfarçada de convite:— Vista-se, Isabela. Vamos ao shopping. Você precisa de roupas novas.Isabela, com o coração apertado, obedeceu sem discutir. Desde que descobrira a gravidez, sentia-se mais vigiada do que nunca, como se cada passo fosse controlado por olhos invisíveis. Helena não dizia nada explicitamente, mas havia algo em seu tom, em sua postura, que deixava claro: ela sabia mais do que aparentava.No carro, o silêncio foi absoluto. Helena a acompanhava com a serenidade fria de sempre, uma calma ensaiada que escondia a verdadeira crueldade por trás de seus olhos. Isabela, encostada no banco, fingia observar a paisagem pela janela, mas, por dentro, sua mente fervia de medo e lembranças. A clínica, o médico, a sensação de ter sido violada em sua própria liberdade. Queria grita
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