Autora… A luz do fim de tarde entrava suave pela janela da UTI. O céu se tingia de dourado e rosa, como se o próprio tempo quisesse aliviar a dor daquele quarto. O monitor cardíaco emitia seus bipes ritmados, quase como se fosse uma canção de resistência. Tânia estava desperta, apoiada por travesseiros, o rosto pálido, os olhos fundos, mas vivos. Vivos, de uma maneira que não estavam, havia muito tempo. Vivos de verdade. A conversa com Klaus ainda ecoava dentro dela, as palavras dele, firmes, calmas, quase cirúrgicas. Como tudo nele. E, no entanto, havia algo mais naquela voz — algo que ela não percebia há anos. Compaixão. Ela respirou fundo quando ouviu batidas leves na porta. — Podemos entrar? — era a voz da sua mãe, baixa, temerosa, como se soubesse que havia atravessado uma fronteira sagrada. — Podem — respondeu Tânia, quase num sussurro. A porta se abriu com cuidado, sua mãe entrou primeiro, e logo atrás veio seu pai, carregando o mesmo ar sério e contido de s
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