A ONG Raízes do Morro amanhecia viva. Não com a leveza de sempre, mas com uma tensão que se espalhava como a brisa fria que antecede a tempestade. Era como se o morro respirasse mais curto, mais atento.Isis estava sentada na cabeceira da mesa da sala de reuniões da ONG. Os ventiladores batiam lento, como se não quisessem atrapalhar o que estava prestes a acontecer. Ao redor dela, figuras conhecidas: Barril, Formiga, Doquinha, Neumitcha, Theo e Bê. Mas também havia novos rostos, vindos das comunidades vizinhas.A primeira a falar foi Cacau, uma mulher negra de dreads dourados, tatuagens religiosas nos pulsos e voz firme.— A gente veio porque acredita. A favela não é só trincheira, é também escola, é arte, é cria. Você levantou uma coisa aqui, Isis, que inspira.Isis assentiu com respeito.— E a gente precisa de alianças. Porque o que vem por aí não é só barulho de helicóptero. É estratégia. E tem gente tentando infiltrar o medo.Nesse momento, um menino da ONG, Diguinho, de doze anos
Ler mais