O sol se despedia atrás dos barracos coloridos, tingindo de laranja o céu sobre o morro. As fachadas descascadas brilhavam douradas, como se cada tijolo tivesse sido pintado à mão pela própria esperança. A ONG Raízes do Morro, mesmo marcada por tiros e sustos recentes, pulsava viva de novo. As mães vieram ajudar na limpeza, os adolescentes carregavam baldes, vassouras e cimento. Um mutirão espontâneo, como se toda a comunidade tivesse decidido, ao mesmo tempo, reconstruir o que os de farda tentaram quebrar. Ali, juntos, eram mais fortes. Theo estava sentado na beira da quadra, cercado por crianças. Uma menininha de trança — Lorena, oito anos, língua afiada — tentava ensinar ele a fazer uma pulseira de linha. — Assim, ó, enrola por trás e puxa por dentro! — ela dizia, como se explicasse uma fórmula da NASA. — E se enrolar pela frente? — Vai dar ruim, tio! Olha o que você fez, embaralhou tudo de novo! A molecada ria alto. Theo também. Envergonhado, mas feliz. O sorriso dele ali n
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