Existe... alguma razão específica... para me tratar com essa frieza, senhor Bertolucci?
Marina
Eu a vi assim que ela saiu da biblioteca, andando apressada em direção à cozinha. O semblante de Lola estava carregado, o cenho franzido, os lábios contraídos... Não parecia nada bem. A conversa com Santino, com toda certeza, não tinha sido agradável. Assim que me percebeu no caminho, forçou um sorriso — fraco, sem qualquer traço de entusiasmo.
— Você contou a ele que vou morar aqui? — perguntei, cruzando os braços. — É por isso que está com essa cara? Ele foi contra? — insisti, sem conseguir disfarçar minha apreensão.
Lola balançou a cabeça lentamente, negando.
— Não, minha querida. Santino... não disse nada.
Soltei um suspiro aliviado.
— Melhor... então por que está com essa cara? — arqueei uma sobrancelha, tentando decifrar aquele rosto tão expressivo, agora claramente desconfortável.
Ela desviou os olhos.
— Eu não quero falar sobre isso... se não se importar.
Assenti de imediato, respeitando seu espaço.
— Tudo bem... — respondi, antes de inspirar fundo e mudar de assunto. —